quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Preciso de um GPS urgente!!!

Hoje foi minha consulta com a hematologista lá em Araraquara... O fato é que eu sai daqui antes das 13:00, e não consegui chegar a tempo no consultório, as 15:30 porque fiquei mais de 2 horas perdida na cidade.
Eu e a Laine ficamos rodando sem parar, passamos pelo mesmo viaduto 3 vezes, pela mesma avenida, fomos e voltamos umas 5 vezes, conhecemos o bar do zé, pelo menos uns 3 frentistas e o carteiro... rsrs... Todos empenhados em ajudar a gente chegar a tempo mas não deu. Perdi a consulta...
Ficou remarcado pra amanhã, as 14:45... acho que vou sair daqui as 6 da manhã... será que eu chego a tempo?
Stress à parte, demos muita risada...teria sido cômico se não fosse trágico....

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Eu consegui....

Hoje finalmente depois de vários atestados, faltas e desentendimentos consegui o que eu queria e fui dispensada do meu emprego.
Agora sim, logo estarei num emprego novo, mais calmo e vou poder programar melhor minha futura gestação, que eu quero que seja tranquila e sem STRESS...
Tô feliz....

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Visita antecipada ao G.O.

Hoje fui em outro médico. Queria muito fazer uma ultrassonografia, em outro consultório pra ter uma segunda opinião. E essa opinião foi ótima...
Meu útero está perfeito, a cicatrização tá boa e o médico me disse que só depende de mim agora... Disse que o corpo está curado, só me resta curar a dor da alma.
E isso eu realmente não sei se está curado... mas só de saber que está tudo bem comigo já fico muito mais tranquila....

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Homenagem ao meu marido..... Eu te amo!!!

Essa pessoa segurou minha barra... me deu força, às vezes foi duro comigo... às vezes mole demais... Alguns dias secou minhas lágrimas, outros me fez chorar (de emoção)...Esteve ao meu lado todo o tempo, e em nenhum momento me deixou sequer pensar em desisitr... meu marido... minha vida.... eu te amo demais...
Essa música é pra vc....
3 anos e 6 meses de cumplicidade....


Quando eu me vi perdida
Você manteve acesa a minha esperança
Nada fazia sentido
E você me deu colo
Como quem protege uma criança
Quando se apagaram as luzes
Você me deu a mão e me guiou no escuro
Como o sol cortando as nuvens
Você me iluminou e foi o meu porto seguro
E eu que acreditava que essa história de romance
Fosse coisa de momento
Mas você mostrou que o amor não era um lance
É o maior dos sentimentos
Você me aqueceu no calor dos teus braços
Colou meu coração pedaço por pedaço
E mesmo contra o mundo acreditou em mim
Eu nunca tive alguem que me amasse assim
Você me fez mudar, dar a volta por cima
Me fez recuperar a minha auto-estima
Quando mais precisei secou todo meu pranto
Razão da minha vida
Eu te amo tanto

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Enfim encontrei coragem....

Hoje consegui ir buscar as fotos que havia tirado em setembro de 2011, quando tava no 7° mês de gestação. Foi difícil rever as fotos, mas não podia deixar elas pra trás.... fiz com muito carinho e ela faz parte de toda essa história...
Vou postar todas aqui....






terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mudança de planos....

Hoje numa conversa séria no meu emprego, achei que seria dispensada, afinal era isso que eu queria. Mas infelizmente não foi assim... Não quero pedir demissão, sairia perdendo muito, então vou ter que voltar trabalhar... Ainda não sei o que vão fazer, talvez me dispensem mais pra frente.... não consigo entender o que se passa na cabeça deles... qualquer um teria dispensado um funcionário que reclama no sindicato e leva um atestado de 7 dias após 15 trabalhados e  meses de afastamento. Não sei o que pensar, acredito que eles vão me forçar pedir a conta, isso com certeza me fez mudar meus planos...
Mudar não seria a palavra correta... talvez essa palavra seja ADIANTAR...
Vamos ver no que vai dar... talvez teremos novidades antes do esperado....

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Que saudades filha!!!!

Hoje foi dia de faxina, e eu precisava limpar o quartinho que era da Gabi. Ao contrário do que muita gente me falou, eu decidi deixar toooodas as coisas dela aqui em casa... Foram compradas com muito amor, muito carinho... ia doer demais descartar, como se ela nunca tivesse existido sabe... Claro que não vou guardar tudo pra sempre, minha decisão está tomada, se não tiver outra menina, vou doar tudo para alguém bem pobre....
Eu não precisava abrir o guarda roupas... mas abri... Senti saudades dos dias que passava horas olhando aquelas roupinhas e imaginando como seria o rostinho dela.. Imaginando ela com cada uma das peças, com lacinhos e sandalinhas cheeeeeeeia de strass... Às vezes queria voltar no tempo pra poder sentir tudo isso de novo, sentir os chutes, pegar nos pézinhos dela....
Sei que logo vou ficar grávida de novo, isso me consola até certo ponto, porque eu posso ter mais 5, 10, 100 filhos... nunca mais será minha Gabriela e eu vou procurar o rostinho dela em cada um deles... Sempre vou dizer: Ele/ela tem a mãozinha igual da Gabi; tem a boquinha igual da Gabi e qualquer outra parte do corpo que parecer vou dizer isso... e eu vou amar da mesma maneira, claro, mas sempre procurando ela.... Será que isso vai dar certo meu Deus?
Fiquei arrasada hoje, ver tantos sonhos destruídos, planos inacabados, felicidade interrompida... nem sei descrever.
A impressão que tenho é que quando engravidar novamente não será uma nova gravidez, mas a continuação daquela e eu não quero ser injusta.... queria estar com meu coração curado pra poder me entregar pra essa nova fase que está tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.
Me pergunto se não seria o caso de dar mais um tempo, sabe, de esperar mais... sei que nunca mais vou ser a mesma pessoa de antes, mas sinto que posso ser melhor do que sou hoje.
A saudade da Gabriela dói, ainda machuca muito, ainda sinto ela viva, como se eu ainda estivesse grávida. É muito confuso.... Parece que um dia ela vai nascer novamente e eu preciso ser forte e aceitar....  A GABRIELA NUNCA VAI VOLTAR!!!


Há uma tormenta em mim
Que só o sonhor pode acalmar
Eu não sei  tudo que quer de mim
Ainda assim EU CREIO
Há tanta dúvida em mim
Que só o senhor pode responder
Eu não sei tudo que quer de mim
Ainda assim EU CREIO
Pois não há nada que não passe diante de Ti
Minha vida está escondida em Ti
Pois não há nada que não passe diante do Teu olhar
Minha vida está escondida em Ti....
Eu creio que tudo pode mudar numa noite
Eu creio que tudo pode surpreender num estalo
Se for a Tua vontade pra mim
Eu creio que cuida de mim e se importa comigo
E tudo que acontecer SERÁ BENÇÃO PRA MIM
MESMO QUE OS MEUS OLHOS NÃO VEJAM....
Pois não há nada que não passe diante de Ti
Minha vida está escondida em Ti, em Teu amor...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Problemas com emprego...

Talvez eu saia do meu emprego. Estou numa dúvida cruel: Sair e ter que adiar meus planos ou ficar e passar novamente todo o nervoso que passei e ainda estou passando.
Não quero pensar em mim... mas numa futura gravidez, é para isso que estou vivendo... então acho que estou quase decidida. Prefiro sair logo de lá e acabar de vez com esse stress....
Marquei uma consulta hoje com um hematologista... Dia 29/02.... Que Deus me ajude!!!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Uma nova história Deus tem pra mim....

No início de janeiro voltei na minha GO. Um monte de exames terei de fazer, mas ela me liberou pra começar tomar o ácido fólico no início de fevereiro, e vai me encaminhar para um hematólogo, para tentar descobrir o que houve.
Tenho muita esperança de que tudo não tenha passado apenas de uma fatalidade... mas vamos lá... Se Deus quiser tudo dará certo.
Hoje dia 05/02/2011, domingo, 19:08, estou aqui, terminando de contar essa história e preparada pra contar outra...
Já estou tomando os comprimidos de ácido fólico, e essa semana marcarei a consulta com um hemato. Dessa vez fiz um convênio com a Unimed, e agora estou um pouco mais preparada para as emergências.
Logo venho postar novidades....

Encontrei a força que buscava... DEUS!!!

Ao meu redor procuro entender
O que virá, sempre longe eu vou estar
Diante de Ti
Eu entreguei os meus caminhos
Pra te sentir
E nunca mais chorar sozinho.
Mas cansado estou e fraco a esperar
Que Tua doce voz
Venha meu sono despertar.
Manda Teu Espírito
E vem me abraçar
Pra eu não chorar
Preciso de Ti, aqui
Pra me consolar
Só Você faz o mar se acalmar
E traz a paz iluminando meu olhar
Sabes o ouvirAs dores do silêncio
E persistir em esquecer os meus lamentos.
Sei que em Você encontro meu alento
Estendo as minhas mãos e entrego os meus sentimentos

Nessa fase da minha vida, me apeguei muito a Deus. E foi com a força que Ele me deu que consegui aos poucos sobreviver a essa tempestade.
Em janeiro, consulta com minha GO.... e a partir de então... uma NOVA HISTÓRIA....

O Tempo passa....

Os dias mais difíceis foram ficando prá traz... Agora toda aquela dor que eu sentia, vagarosamente foi se transformando em saudade, uma saudade que dói, mas que já é apenas saudade...
Eu estava desesperada, queria ficar grávida imediatamente, mas minha médica me liberou apenas em abril... e abril estava muito longe. Eu não sabia como ia sobreviver até lá. Só falava nisso, só pensava nisso.
Nessa fase da minha vida sofri com algumas decepções, com pessoas que amava muito... mas isso faz parte da vida, poucas coisas conseguiriam me fazer sofrer de verdade... eu conhecia um sofrimento real... as outras coisas dava pra tirar de letra.
Chegamos no Natal... a celebração da família... e a minha destruída... Foi o pior natal de todos... eu sofri muito imaginando que poderia ter sido tão diferente.
Enfim o ano de 2011 acabou. Eu só queria esquecer todo sofrimento que vivi nesses dias....

Uma carta para o céu..

As pessoas me perguntam o que houve de errado comigo, o que não deu certo para ter acontecido o que aconteceu.
Não houve nada errado, muito pelo contrário. Deu tudo certo. As etapas da vida não são nascer, viver e morrer? Então como é que algo pode ter dado errado se minha princesa cumpriu essas etapas?
É certo que algumas pessoas vivem mais, outras menos e outras vivem pouco. Mas VIVEM. Vivem o suficiente pra mudar a vida de outras pessoas que já viveram milhões de vezes mais. Não podemos julgar o tempo. Há muitas pessoas que passam uma vida inteira sem serem notadas, outras em poucos dias despertam sentimentos nunca antes experimentos.
Tudo deu certo, cada momento intenso, vivido e aproveitado de maneira intensa. Tudo foi perfeito. Ela veio, ensinou muita coisa, riu, sentiu cócegas, dormiu, acordou e então quando já tinha cumprido aquilo que foi determinado por Deus, simplesmente fechou os olhinhos, que nem eram ainda tão abertos assim, e foi embora desse plano.
Dizer que acabou tudo??? Impossível!!! Nunca vai acabar, a vida jamais acaba. Ela sempre vai estar viva no coração daqueles que a amaram. Ela sempre vai ser lembrada, isso jamais vai acabar.
Infelizmente a passagem foi rápida, mas eu repito: DEU CERTO SIM. Hoje agradeço a Deus por esse milagre na minha vida chamado GABRIELA = Enviada de Deus.
Só um milagre mesmo pra mudar tanta coisa assim dentro da cabeça de alguém.
Com saudades??? Pra sempre!!! Com tristeza??? Nunca mais!!! Estou muito feliz porque gerei um anjo, uma vida que conseguiu cumprir sua missão e eu sei que a alma dela está em paz agora, porque EU CONSEGUI DAR VIDA A ELA O TEMPO EXATO QUE ELA PRECISAVA.
Já não me sinto incapaz, nem fracassada.. Meu Deus, como pude pensar isso de mim??? Eu tive muito sucesso na maternidade. Quer coisa melhor do que você saber que a pessoa que você mais ama nessa vida está em paz? Coisa melhor do que saber que nunca vai sofrer, nunca vai chorar, nunca vai sentir dor ou tristeza? Minha filha amada está agora com Deus, provavelmente intercedendo por mim. E veja como é a ironia do destino... eu que achava que como MÃE iria cuidar da minha pequena, e ensinar tudo a ela... hoje sei que aprendi ser outra pessoa com ela e é ela quem cuida de mim!
Deus jamais poderia ter sido melhor pra mim. Ele é muito bom, quanta alegria me proporcionou desde que eu consegui encontrar todas essas palavras que eu estou escrevendo e mais ainda quando percebi estar me sentindo assim.
Por isso Crsital, quando você me ver chorando, não se entristeça, a saudade ainda vai doer muito, talvez pra vida toda, mas nunca, nunca mais vou chorar de tristeza ( pelo menos vou tentar ), vou fazer o máximo pra conseguir viver com felicidade porque não quero te dar trabalho, anjinho, não quero que você fique o tempo todo pedindo pra Deus me confortar. Vá brincar com os outros anjinhos aí no céu, faça bastante bagunça, deixe todos os Santos doidos com suas artes filha...
Acredito que você já tenha cumprido sua missão e por isso um dia vamos nos encontrar aí, e eu quero você alegre, feliz e bem arteira pra me receber... e linda, como você sempre foi.
Obrigada Deus, obrigada filha... Você é o orgulho dessa mãe boba que te ama tanto... Muito obrigada por você existir GABRIELA... Você é um sinal de que Deus existe e cuida de todos os seus filhos.
Obrigada Jesus, por ter me ajudado entender todas essas coisas, de maneira a diminuir muito todo o meu sofrimento. Hoje sei que nunca estive, nem nunca vou estar sozinha.

Gabriela.... você é o amor da minha vida.
Com muitas saudades... Mamãe

Os primeiros dias sem Ela...

Perder um bebê....
É como acordar e ver que tudo não passou de um sonho.
É ter que encarar de frente a frustração e sa sensação de incompetência.
É querer contar pro mundo sobre uma próxima gravidez somente depois de estar com o bebê nos braços.
É como voltar de marcha ré todo o caminho já percorrido.
É voltar ser uma pessoa "comum" depois de algum tempo se sentindo "especial".
É ter que esperara o tempo passar pra se sentir melhor, mas quanto mais o tempo passa mais a dor aumenta.
É ter pânico só de pensar em passar por tudo isso de novo.
É sentir que tudo ficou sem graça.
É saber que isso acontece, é natural, é comum, faz parte da vida, mas é péssimo.
É sentir solidão pois já estava acostumada em tê-la todos os dias.
É procurar a causa da perda mesmo sabendo que não dá pra encontrar.
É alternar frases de não querer mais engravidar com outras de desejar conceber imediatamente.
É conhecer mulheres que engravidaram na mesma época que você e observar seus bebês no colo e o seu não está mais ali.
É sofrer sozinha, apesar da família e dos amigos.
É exercitar a paciência para esperar o que Deus está guardando.
É sorrir, mas com o coração em pedaços e ter que caminhar com uma saudade infinita no peito...



Uma frase que li há anos atrás diz que você pode estar com o coração em pedaços, mas o mundo não para pra que você o conserte. E isso é fato.
A vida prossegue, devagar a rotina vai voltando ao normal, as pessoas vão lembrando menos, e a gente tem que aceitar isso. O tempo passa....
Os primeiros dias são horríveis... Encontrei muita força, num blog que minha amiga Meyre me indicou... o blog  Perdi meu Bebê...
Encontrei pessoas que passaram pelo mesmo que eu, e entendi que eu não era uma "castigada" por Deus, percebi que eu era uma escolhida... isso me deu muita força.
Uma das frases que mais me erguiam era: Muitas mulheres tem o privilégio de ser mãe. Mas poucas tem o privilégio de ser escolhida por Deus pra ser mãe de um anjo.
Essa frase me fez entender tudo o que Deus tinha feito por mim, ele não tinha se esquecido de mim, ele tinha me escolhido, porque sabia que eu seria capaz de passar por isso de cabeça erguida e eu não podia desonrrar a escolha Dele... Tinha que suportar tudo, e sorrir quando tinha vontade de chorar.

Pra minha princesa....

Minha vida, minha história
Só fez sentido, quando Te conheci
Seus olhos, Sua face
Me levam além do que pensei
Se às vezes me escondo, em Você me acho
Nem dá pra disfarçar
Preciso dizer 
Você faz muita falta
Não há como explicar
Foi sem Você que eu pude entender
Que não é fácil viver sem Te ter
Meu coração me diz que não
Eu não consigo viver sem Você


pra sempre Gabriela....... meu eterno Cristal...

Dia 15 de outubro de 2011 - O dia mais triste da minha vida...

Era um sábado, eu preocupadíssima em saber notícias da Gabriela. Quando liguei lá pra saber, mais notícias ruins. Ela havia piorado mais e a médica pediu para que fossemos pra lá. Assim fizemos e logo ao entrar na UTI, a médica veio falar comigo, pediu pra que não deixassemos ela se mexer muito, pois os movimentos iriam interferir nos batimentos cardíacos e na respiração dela que não estavam bons. Cheguei perto primeiro, e lá estava minha princesa, quetinha, quase não se mexia, respirava cansada...
Coloquei minha mão na cabecinha dela e comecei rezar. O Lucas chegou. Abriu a portinha da encubadora e colocou a mão nas perninhas dela. Acho que ela estava com saudades do papai, tinha ficado 1 dia sem vê-lo... Começou se mexer pra tudo que era lado, eu corri falar com a médica. Os aparelhos começaram apitar.
Perguntei se o antibiótico ainda ia demorar pra fazer efeito, ainda com a certeza de que tudo ia ficar bem. Ela me disse que levava 3 dias pra fazer efeito e acrescentou: Mas é muito grave!
Me disse que o antibiótico forte estava paralisando os rins, e por isso ela estava tomando um diurético para desinchar, e também estava afetando o coração.
Voltei pra perto da encubadora, e ela não parava. Eu tentava segurar e acalmar ela pra ela ficar quetinha, mas cada vez mais máquinas apitavam, até a enfermeira me pedir licença para um procedimento. Fiquei olhando de longe, ela estava bombeando oxigênio manualmente, então a médica nos pediu licença por alguns minutos e eu já estava chorando muito...
Deixamos nossas coisas lá dentro, achamos que seria rápido. Encostamos na porta da UTI, pelo lado de fora e ficamos aguardando um milagre.
Passaram alguns minutos e eu ainda ouvia tudo apitando. A médica apareceu na porta e nos pediu pra entrar e pegar nossas coisas, segundo ela a visita teria acabado porque iam ter que cuidar dela e não sabiam quanto tempo iria demorar. Nem pude mais chegar lá perto. Já tinha muitas enfermeiras e médicos ali.
Disse um tchau de longe e saí arrasada.
Ficamos na frente do hospital por mais uma hora, liguei lá na UTI e ainda ouvi todos aparelhos apitando. Decidimos ir embora, não iam deixar a gente entrar mais. E eu tinha certeza que ela ia sobreviver.
O caminho aquele dia foi longo, caiu uma chuva que nunca vi igual. O céu parecia estar chorando, era um sinal de que algo de muito triste iria acontecer.
Chegamos em casa, e eu estava firme, apesar de arrasada. O Lucas saiu para buscar algo pra comer, eu fiquei em casa sozinha e liguei para o meu pai. Contei a ele sobre o que tinha falado da minha vó, disse que Deus estava me castigando por isso.
Ele me explicou que Deus não castiga, que jamais faria isso comigo porque Deus é amor. Me falou tanta coisa bonita que eu fui acalmando então ele me disse que tinha que desligar porque tinha outra ligação.
Em seguida o Lucas chegou, ele havia trazido meu bolo predileto de sobremesa, então começamos a comer. Antes da 1° mordida, a campanhia tocou. Achei que fosse meu primo querendo saber da Gabriela e fui lá ver.
Saí no portão e dei de cara com a tia Dirce, depois com o tio Arthur, titia Edna, Luiara, Rafael e Arthurzinho... e ainda exclamei: Nossa!!!
Foi então que minha tia me disse: Aii fia... a tia não tem uma boa notícia pra você...
Ela não precisou dizer mais nada... eu saí correndo gritando o Lucas, que também entendeu tudo pelo meu desespero. Ele me abraçou no meio do quintal e ali nós ficamos alguns minutos. O abraço dele foi confortante, seguro... mas eu queria correr, queria gritar, queria entender o por quê... Por quê comigo? Por quê com a nossa filha?
Por quê? Por quê? e Por quê? Eu me soltava daquele abraço, meio sem rumo, meio sem saber pra onde ir, o que fazer, pra onde e quem correr e ele me abraçava denovo. Ele também precisava de apoio, de abraço, ele também precisava entender o por quê...
Tivemos que tomar as providências em relação a funerária, eu não consegui ir junto.
Corri para o quartinho dela, que ainda não estava pronto, mas estava com todas as coisinhas dela de RN em cima da cama, pois logo eu teria que lavar pra ela usar na UTI, e comecei escolher uma roupinha.
As roupinhas que eu tinha comprado com tanto amor, pra ver ela usando, que iam deixar ela mais parecida ainda com uma bonquinha, agora serviriam de enfeite para um caixão.
Eu não podia me conformar com isso. Como doía...
A madrinha dela quis comprar uma outra roupinha, e assim fez. Fiquei em casa, ainda sem rumo... mas eu estava forte. Difícil mesmo foi falar com meus pais. Eu não suportava a idéia de ter dado essa decepção pra eles. Eles sonhavam com essa neta mais do que tudo na vida, ela era a alegria deles, e não tinha um dia sequer que eles não diziam o quanto a amavam...
Tudo resolvido, a situação acalmou, ficamos sozinhos em casa. Agora era só nós dois de novo. Eu e o Lucas... já não mais uma família, voltamos ser apenas um casal.
Lembro que eu abracei ele no nosso quarto e disse: Eu não queria outro, eu queria ela! e ele me respondeu: Eu também queria ela.
Aquilo foi pra mim um alento tão grande, pois cada dia mais tinha a certeza de que ele amava nossa filha desde quando soube que eu estava grávida. Coisa que ele nunca admitiu muito...
Era mais de meia noite e recebemos a ligação avisando que o corpinho dela estava já no velório.
Enfim o meu 1° beijo na minha filha. O tão sonhado beijo foi dado ali, num velório, num caixão. Mas foi dado, muitos...
Passamos a noite ali, colocamos uma cadeira do lado do caixão e ficamos ali. Logo a tia Dirce, tio Arthur e titia Edna chegaram.
Quando foi umas 6 da manhã chegou a tia Gê e o Baiano, logo depois o Alan, que me deu um abraço... um dos mais intensos que recebi.
Ficamos ali... Cada pessoa que chegava dizia o mesmo... Como ela era linda....
Muita gente compareceu, meus amigos, minha família, conhecidos...todos pareciam incoformados com tanta crueldade.
E eu rezando pra acabar logo e pra não acabar nunca. Não sabia se queria ir logo pra casa, ou se queria ficar ali com ela, afinal nunca mais ia ter a chance de ver aquele rostinho tão meigo, aquelas mãozinhas tão delicadas, aquela boquinha que segundo minha tia Edna, parecia desenhada a pincel.
Doía tanto... era uma dor que eu costumo definir como dor da alma. Não doía a carne apenas, o coração, doía além disso... Doía o corpo, a cabeça, as mãos, doía os olhos, o peito, doía realmente a ALMA.
Quando meus pais chegaram foi uma tristeza ainda maior. Sentia ódio de mim por causar uma dor tão grande pra eles... como se tivesse sido uma escolha minha.
Muita gente esteve lá. Uns com o corpo, outros com o coração apenas, mas estiveram, e eu agradeço a cada um deles, que partilharam a minha dor comigo...Porque amigo é justamente pra isso e eu pude ter a certeza de que meus amigos são de verdade.
Até pessoas que eu estava brigada, que não conversava há anos apareceu e isso me fez muito bem. Obrigada mesmo.
A hora de fechar o caixão chegou, eu dei meu último beijo na minha princesa que já tinha me dado tantas alegrias e saí de perto...mas tive que voltar, tive que tirar meu pai de lá, que parecia querer tirar ela dali e sair correndo. Tava nítido o desespero no rosto dele, ele amava a Gabriela mais do que me ama....
Tudo acabou!!!!
Chegamos em casa eu eu decidi ser forte, fui até o quartinho dela, recolhi todas as coisinhas, encaixotei tudo em menos de 10 min. Queria o quarto limpo para meus pais. Eu podia sofrer até morrer, mas não queria ver eles sofrendo.
À tarde deitei pra tentar dormir um pouco e acordei num desespero. O Lucas com a maior paciência do mundo, mesmo dps de umas 32 horas sem dormir pegou o carro e me levou dar uma volta. Ficamos andando sem rumo, até que eu parei de chorar e pedi pra vir embora, ele precisava dormir....

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Os dias na UTI Neo Natal

As visitas na UTI eram as 9:30 da manhã e as 15:00 da tarde. Logo no 1° dia a visita atrasou e eu fiquei ali na porta da UTI esperando até as 10 e pouco da manhã. Era a 1° vez que eu ia ver minha filha, quando ia conhecer o seu rostinho, poder ver com quem ela se parecia...
Enfim liberaram a entrada, eu estava sozinha, o Lucas só ia chegar a tarde. Eu entrei, lavei as mãos e tive algumas intruções antes de vê-la.
Foi um choque quando a vi. Pequena, muito pequena... Ela tinha nascido com 1010kg  e não puderam medi-la. Eu só chorava, ela ainda estava com o cabelo um pouco sujinho... sim!! Ela tinha bastante cabelo.
Não sabia o que podia fazer.. só fiquei olhando e chorando. O médico então veio falar comigo e disse que eu podia tocá-la. Mas eu tinha medo, era muito pequena. Foi então que comecei chamá-la de Cristal.
Fui perdendo o medo e comecei passar minha mão sobre ela, nas mãozinhas e nos pézinhos.. que eram idênticos ao do Lucas. Ela estava entubada, e com uma venda nos olhinhos que parecia um óculos de sol. Também estava de touca. Fiquei ali até me falarem que tinha que ir embora, as visitas duravam apenas meia hora.
À tarde e Lucas foi comigo e ficamos ali olhando pra ela, não sei dizer tudo que eu sentia, queria poder pegar, beijar, abraçar, mas só podia por a mão... Eu sentia um pouco de dor ficando em pé muito tempo, mas quem me fazia sentar? Era ali do lado dela que eu queria ficar, nada ia me tirar dali, a não ser o tempo que sempre acabava.
Naquele dia, meu pai entrou pra conhecer ela, ele veio todo contente e orgulhoso me contar: Sabe onde eu estava?? Estava com a Gabi...
Os médicos deixaram ele entrar, pois ele iria embora na sexta de manhã, e demoraria pra voltar. Minha mãe me ajudou tomar banho, foi a 1° vez que ela me viu sem roupa depois de grande, e ela me deu muita força...
Eles foram embora e a noite recebi uma visita inesperada. A Geisa... o carinho dos amigos foi fundamental nesse período.
No outro dia, sexta de manhã fui vê-la de novo, já estava começando me acostumar com a situação, já chorava menos... Nesse dia tive alta e meu vô e o Lucas foram me buscar. Entramos para dar tchau para a Gabriela, no sábado eu não poderia ir vê-la, pois como coisa ruim nunca acontece sozinha, meu carro havia quebrado, e não tinha quem me levasse. Viemos então embora... Só Deus sabe o que é pra uma mãe ir embora de um hospital e deixar lá um filho. Uma sensação tão grande de perda, de incompetência, uma saudade da minha barriga que eu não sabia como explicar, como se eu não tivesse aproveitado tudo, sabe, sentia dó de mim, porque não tinha vivido toda minha gravidez, não tinha ficado com aquele tão sonhado barrigão, nem estava chegando em casa com minha filha.
Foi difícil demais chegar em casa, não queria ver nada da Gabriela, nem as roupinhas, nada, pedi pra minha mãe guardar tudo como se ela já tivesse morrido.
No sábado não pude ir pra lá, mas liguei e como sempre o quadro era estável, sem nenhuma intercorrência.
Vieram me ver aqui em casa minhas primas, a noite minha vó, minha tia, a Josi...
No domingo, cedinho fomos pra lá. O Lucas foi dirigindo sem carta e com o carro quebrado... Era aniversário da minha mãe e eu só lembrei quando estava já dentro da UTI... Nesse dia pude ver o rostinho dela, a médica tirou por alguns minutos aquele óculos... Ela estava coberta até o pescoço, pois como diziam as enfermeiras ela era espevitada e não parava... de vez em quando chegava até desconectar os tubos de tanto que se mexia... Na minha barriga ela também era incansável....
Na segunda feira, o tio Arthur foi levar a gente, meu carro não tinha mais condições de ir... O Lucas havia pego férias do trabalho por isso podia me acompanhar em tudo, sempre com muita paciência comigo, porque eu tinha que andar devagar, sempre cuidando e me dando muita força.
A Gabriela continuava perder peso, mas já tinha passado as 72 horas mais críticas... Eu já estava bem mais confiante. Nesse dia ela tinha sido promovida para a encubadora, e estavam tentando tirar ela do respirador, aquilo foi animador...
Terça feira nós fomos com a Grá. Chegamos lá e ela não estava mais entubada, estava só com a sonda de alimentação, e com o CPAP no nariz. Foi um alívio ver ela sem aquele tubo horrível na boquinha... e que boquinha mais linda.
Na quarta feira minha mãe pode ir junto, pra conhecer nossa boneca. Ela estava sem os tubos e sem o CPAP, estava só com aquele capacete que mandava oxigênio, mas estava respirando completamente sozinha. Ela estava pesando 895g. Reparei que ela estava cansadinha e pedi pra que voltassem ela pro respirador, pra quê ficar forçando? Ela não iria sair dali tão rápido, então tinha muito tempo pra ela aprender respirar sozinha, o que eu não suportava era a idéia de saber que ela estava passando dor. O narizinho dela estava bem machucado por causa do CPAP, então voltaram pro respirador mesmo.
Na quinta feira uma ótima notícia, ela tinha começado ganhar peso. Estava pesando 910g. Foi uma comemoração geral quando souberam. Todos ficaram muito felizes, meu pai então nem se fala. Minha mãe comemorou muito também...A gente mexia nos pézinhos dela e ela se esticava toda, ameaçava rir, e fazia cara de choro às vezes.
Na sexta feira meu vô nos levou e minha mãe foi embora... nos demos tão bem nesses dias que não queria que ela tivesse ido. O médico disse que a Gabriela tinha dado meio passinho pra trás, pois tinham parado com a dieta por causa de um resíduo que estava saindo do estômago dela. Mesmo assim ela tinha ganhado mais 10 g e estava pesando 920g.
Enfim meu carro ficou pronto e no sábado pudemos ir com mais tempo, queríamos comprar umas coisinhas pra ela, ela precisava de tuuudo RN. Visitamos nossa princesa, que estava pesando 930g e fomos as compras... Não achamos muita coisa, praticamente não fabricam roupas pra prematuros...
No domingo depois do almoço lá estávamos nós de novo. Mãe e Pai de UTI... Nossa princesa estava a todo vapor... Mais 15 gramas e no total já era 945g.
Na segunda feira ela ganhou apenas 5g, mas ganhou... Isso nos bastava. 950g.
Terça feira, um dia especial. Minha boneca tinha engordado 70g. Já havia recuperado o peso que nasceu. Estava com 1020kg. Eu não via a hora de chegar o outro dia pra saber como ela ia estar e quanto ela tinha engordado.
Na quarta feira, nós levamos a câmera e tiramos fotos dela, ela tinha perdido 10g, mas ainda assim, estava com 1010kg. Ficamos mais de uma hora lá dentro.. Vou postar as fotos dela com 15 dias, tiradas dia 12/10/2011, dia das crianças e de Nossa Senhora Aparecida.






Na quinta feira, fomos ver a Gabi de manhã, pois na sexta o Lucas voltaria trabalhar, então ela tinha ganhado mais 40g hoje. Estava pesando 1050kg. Na parte da tarde liguei e estava tudo bem.
Sexta feira tive uma péssima notícia. Liguei de manhã e o médico me disse que ela tinha tido uma piora, havia ganhado 30g, estava pesando 1080g, mas estava saindo muito liquido do estômago e os exames diziam que a infecção estava séria.
À tarde fui pra Araraquara sozinha, na esperança de ser algo passageiro. Bebês prematuros são assim, num dia estão bem, no outro mal e logo já se recuperam. É tudo muito rápido. Fui acreditando nisso. Ao entrar na UTI, lembro das palavras da Dra Rosana: Mãezinha, hoje seu bebê me preocupou muito! Eu já comecei chorar... Aquele dia ela me disse pra estar preparada pra tudo, pois tudo podia acontecer dali pra frente. Eles já não tinham mais como prever nada, e a situação dela era muito delicada. A infecção não queria ceder e o que podia ser feito, já estavam fazendo.
Nesses dias de UTI fiz amizade com a mãe de outro bebê que estava lá, na mesma situação que a Gabriela. Uma amizade muito importante pra mim, a Aline, e que na verdade foi uma surpresa, até hoje ela é uma das poucas que ainda liga pra saber como eu estou.
Vim embora desesperada, não lembro de como cheguei, do caminho que fiz, só lembro que pedi pro meu pai ligar pra minha médica pra que ela ligasse no hospital pra saber qual era a verdade sobre minha Gabriela. Feito isso, tive a certeza de que realmente a situação era muito grave mesmo.

Dia 28 de setembro de 2011 - A Gabriela nasceu!!!

Foi aquela correria, ligaram pro pessoal aqui em Ibitinga, e foram correndo pra lá. Mandei uma mensagem avisando meus amigos e eles me deram muta força...
Começaram me preparar para o parto, eu estava calma, mas muito contrariada, com uma sensação de perda tão grande, eu sentia como se estivessem tirando minha filha de mim. Chegou a hora. E eu que já tinha imaginado aquele momento 1 milhão de vezes, percebi que nada estava saindo como eu tinha imaginado. Eu chorava muito, e o que era pra ser o momento mais feliz da minha vida, o que eu ia ver o rostinho da minha tão amada filha, se tornou o mais triste. Não queria ver nada, não queria que ela saísse de dentro da minha barriga, ainda era muito cedo e ela estava tão pequenininha....
Mesmo assim, não tinha mais jeito, colocaram a sonda e acho que foi a única hora que senti um desconforto... Fui pra sala de parto, tomei a anestesia e logo não senti mais as pernas... Não sabia o que estava acontecendo, nem se já tinham me cortado, ou se ainda estavam preparando, não tinha noção de quanto tempo ia demorar, quando já estava prestes a perguntar ouvi aquele chorinho.... Era 17:07, ainda consigo me lembrar, foi a única vez que pude ouvir ela chorar. Foi 3 chorinhos, mas foram alto, todo mundo se surpreendeu, ouvi quando falaram: Nossa!!!
Eu não pude me controlar e caí no choro, ainda esperando que me trouxessem ela pra ver, então já não ouvi mais o choro e tudo ficou distante, as vozes, os passos, a sala com um ar de vazia...
Perguntei para o anestesista que cuidadosamente enxugava minhas lágrimas: Ela é muito pequena? E a resposta dele foi: Sim, (uma pausa e um ar de quem não sabia como me dizer) ela é muito pequena.
Terminaram o procedimento todo e eu fui pra outra sala pra esperar a anestesia passar. Foram algumas horas ali, ninguém sabia me dizer o que havia acontecido com ela, fui para o quarto doida pra falar com meu pai e o Lucas, eles provavelmente sabiam de alguma coisa. Enfim eles chegaram, já era 9 da noite, e me contaram que tinham visto ela, descendo pela escada, porque o elevador deu problema justo quando iam trazer ela. Ficaram olhando pela porta da UTI até fecharem... Graças a Deus eu soube que ela estava viva. Essas lembranças são meio nebulosas na minha cabeça, acho que por causa da anestesia, do fato de eu não ter conseguido dormir ainda depois do parto, não consigo lembrar direito o que aconteceu, não lembro deles indo embora, só lembro que acordei no outro dia, com pouquíssima dor, pra ir tomar um banho. Foi super tranquilo, deu aquela tontura básica na hora de levantar, mas eu fui forte. Eu precisava ser...

Os dias no hospital.

Conheci algumas pessoas quando fiquei internada, que me deram força quando eu estava lá, me prepararam para o que eu ia enfrentar. Foram 7 dias, 5 na espera de alguma coisa mudar, de alguma notícia boa... Dias tensos, ninguém sabia me dizer quando eu iria embora. Eu morrendo de saudades de casa, das minhas cachorras Duda e Samantha e da minha gatinha Lara. O Lucas ligava pra mim umas 10 vezes por dia no mínimo. Meus pais chegaram e todo dia o pessoal ia me ver, o hospital era bacana, fui enternada pelo SUS pois fiz o pré natal particular e quando soube do custo da UTI Neo Natal soube que não teria como pagar, pois não tinha convênio, então minha médica encaminhou tudo pelo SUS. Mas não posso reclamar não...Enfermeiras atenciosas, boa comida, etc...
Eu já estava ficando desesperada, nos 1°s dias estava tomando soro, e tal... mas depois nem isso mais, estava ali sem fazer nada, sem medicamento nenhum, até as injeções de corticóide já haviam parado, estava tomando apenas AAS, que nem sabia pra que era. Liguei pro meu pai na terça a noite e pedi pra que ele trouxesse uma roupa pra eu ir embora na quarta, não queria mais ficar ali, não tinha por que. Ele fez isso, e na quarta feira cedo, foi só ele e o Lucas pra lá, na certeza de que me trariam embora.
Ele então foi conversar com o médico responsável, e ele avisou meu pai que ia dar uma olhada no último exame que eu tinha feito, e se tudo continuasse do jeito que estava ele me liberava pra eu continuar o acompanhamento aqui em Ibtitinga.
O médico demorou um pouco e logo meu pai foi falar com ele de novo. Meu pai entrou com uma aparência tensa, como se algo ruim estivesse acontecendo, e me disse: A cesárea vai ser hoje.

O dia da notícia...

Era dia 22 de setembro, uma quinta feira. Tinha consulta de pré natal e pela 1° vez fui sozinha. Tinha engordado 2,5kg.. a médica ficou super feliz, pois eu estava engordando muito pouco. No meio da ultra, as últimas palavras de alegria que a Dra disse foi: Nanã, olha o rostinho dela....
Dps disso um silêncio indescritível tomou conta do consultório por alguns minutos. A expressão de que algo estava errado estava estampada na cara da Dra. Foi então que ela me perguntou se eu lembrava que ela havia dito que a Gabriela seria pequena, claro que eu lembrava disso... Mas ela me disse que agora ela estava muito menor do que era pra estar, eu estava com 32 semanas e ela com tamanho e peso pra 28 semanas. Pelo ultrassom da dra. ela estava pesando 1150kg. Ainda podia ser constitucional, mesmo assim ela queria um ultrassom com doppler pra saber como estava as arterias uterinas e umbilical. Marquei o exame para o mesmo dia, e lá tive a péssima notícia de que a artéria do cordão estava alterada, não estava passando sangue por ela, por isso essa Restrição de Crescimento Intra Uterino (RCIU).Já nesse exame deu o peso de 1280kg. Até então, eu sabia que havia alguma coisa errada, mas na minha cabeça, eu teria de fazer um respouso ainda maior, uma dieta mais calórica, ou até algum medicamento. Era o mais grave que eu podia imaginar. Fui para a casa super nervosa, e ansiosa pra saber o que minha médica ia me dizer. No outro dia cedo, pedi pra minha mãe ligar pra ela e enfim veio a resposta. A secretária da minha médica me ligou e pediu pra que eu fosse no consultório acompanhada.
Até então, acho que vocês perceberam que quase não falei do Lucas. A verdade é que como eu já disse ele não queria filhos, aceitou a gravidez, mas não compartilhou muita coisa, ficava sempre na dele, acompanhando beeem de fora, como se só eu fosse ter um bebê.
Como eu já sabia disso, disse que levaria minha tia comigo, mas quando ele percebeu que era algo sério, disse que iria comigo e naquele momento pude me sentir segura de verdade.
Chegamos no consultório e lá ficamos sabendo da verdade. A minha pequena Gabriela estava prestes a entrar em sofrimento fetal, pois o pouco de sangue que ia pra ela, abastecia os orgãos vitais, deixando de lado os outros, o que poderia causar danos irreversíveis pra ela. Fui encaminhada  para a sta casa de Ibitinga, para poder aguardar uma vaga em um hospital que tivesse UTI Neo Natal, pois teria de ser feito uma cesárea de emergêcia e com certeza minha pequena precisaria de maiores cuidados.
Saí do consultório arrasada, consegui ligar pro meu pai e imediatamente lembrei do que tinha falado no dia da discussão com minha vó, e em seguida pedi perdão pra Deus...
Em casa, arrumei algumas coisas, umas roupas minhas e apenas um pacote de fraldas RN, pois era só o que ela usaria na UTI. Na sta casa, fiz outro exame, tudo do mesmo jeito, eu precisava ganhar tempo pras injeções de corticóide fazer efeito. O pulmão dela não estava preparado para a respiração. Não cheguei ficar nem 2 horas lá e já fui transferida para a Sta casa de Araraquara. Nunca vou me esquecer a imagem que vi quando cheguei na porta da ambulância.
O Lucas estava lá, com uma mala na mão e lágrima nos olhos, nunca tinha visto ele tão nervoso, tão transtornado. Minhas tias Edna e Dirce se despediram de mim e nós fomos pra araraquara. O Lucas foi junto.... Foi muita risada no caminho quando ele abriu a mala e eu descobri que ele tinha levado até biquíni, além de meias(em pleno calor do final de setembro) e calcinha fio dental... Sim!!! Ele fez isso. Lembro que até a enfermeira riu quando se deu conta de que eu não aproveitaria nada do que ele tinha levado pra mim... ainda bem que eu já tinha arrumado umas coisinhas de 1° necessidade, o que faltou eu mandei um sms pra ele e ele levou no dia seguinte.
Esse foi o dia em que eu tive a certeza de que tinha feito a escolha certa. Minha filha teria um bom pai e eu um ótimo companheiro. Ele tentava o tempo todo me acalmar, quuando quem na verdade estava realmente nervoso era ele, eu estava calma, no fundo não acreditava que esse parto realmente seria feito, sabe, achava que as coisas iam mudar, que lá teria outro diagnóstico. Nossa despedia foi tensa, parecia um sonho acabando.. Longe de casa, com pessoas estranhas, totalmente sozinha, e sem certeza nenhuma.

Um sinal de alerta foi emitido.

Na consulta de 26 semanas, fui com uma amiga, a Martina... Lá tivemos uma notícia que no dia foi uma alegria, mais tarde eu vim a saber. A médica disse que a Gabriela seria pequenininha, lembro que ela estava pesando 700g e segundo a dra., estava dando uma diferença de 1 semana. Mas ela me disse que poderia ser constitucional, pois eu também sou pequena e nasci pequena.
Nós ficamos felizes, pois provavelmente eu não iria sofrer na hora do parto com um bebezão e nós teriamos nossa menininha pequenininha e delicada como sempre quisemos. Mas ela se mexia muito, era muito ativa... quase não dava pra medir ela de tanto que pulava...


Dá para notar que minha barriga era pequena pra quem estava de 6 meses, mas como marinheira de 1° viagem que era estava tudo normal pra mim. Todo mundo dizia: "Que inveja, vc não está engordando quase", ou então " Com 6 meses eu já tinha engordado 10 kg" e coisas assim.. Eu havia engordado apenas 4 kg.
Nessa época, tive uma discussão com a minha vó. Foi por um motivo tonto, talvez por ciúme, se lá, sei que tivemos uma discussão horrorosa, falei coisas terríveis pra ela, e ela pra mim, cheguei a dizer que preferia ver minha filha morta do que no colo dela... Como a gente às vezes não sabe o que diz....Como pude dizer isso, eu me pergunto. A verdade é que a gente nunca sabe o que Deus reserva pra gente, se acha sempre imune as tragédias, acha que nunca vamos passar por nada de ruim....
O tempo foi passando, e nas vésperas das 31 semanas, eu comecei organizar meu chá de bebê, fiz tudo com tanto carinho, cada letrinha recortada e desenhada por mim, cada flor, cada bexiga, toalhas da mesa, lembrancinhas... Eu fiz tudo sozinha, tinha dias que ia dormir as 3 da madrugada pra acordar as 7 no outro dia, mas queria fazer tudo sem pedir ajuda pra ninguém. Eu sonhava com esse dia, o dia que meu bebê ganharia um monte de mimos...
Enfim ficou tudo pronto no domingo, dia 18/09/2011. Eu e o Lucas, terminamos os últimos preparativos e as pessoas começaram a chegar. Infelizmente não tenho a foto do convite, não tive coragem de ir buscar depois de tudo que houve.
Foi uma tarde muito legal, minha família não compareceu, mas meus amigos vieram todos... Ganhei muitas coisas, que estão ainda todas guardadas sem usar....


O ínicio de um sonho...

Em março de 2011, pra ser mais exata, dia 18/03/2011 meu marido apareceu com um teste de fármacia de gravidez. Eu não queria fazer, tinha certeza que não estava grávida, mas fiz e pra minha surpresa o resultado foi positivo. Corri para o trabalho dele, contei e ficamos desesperados... Não estávamos planejando, na verdade, ele nunca quis ter filhos. Mas aí sempre aparece aquela dúvida: Será que o teste de fármacia é confiável?
Então corremos pro laboratório e fiz um Beta HCG, o resultado só ficaria pronto horas depois e ficamos naquela ansiedade, já fazendo planos como se eu não estivesse grávida, planejando viajar, reformar a casa...
Às 17:00 fomos buscar o resultado, e imaginem só... Um positivo beem grande. Foi um choque.


Daí então foi a vez de contar para os outros. Pedi para um amigo imprimir esse exame e mostrar para os meus pais... Meu pai me ligou chorando... eu nunca tinha visto ele tão feliz em toda minha vida.
Foi uma alegria geral na minha família, contando comigo, havia 3 grávidas... Eu, Kku e Josi. Escolhemos os padrinhos e já na semana seguinte comecei o pré natal.
Logo na 1° consulta tivemos um susto. A médica, Dra. Gabriela, não soube me dizer o que havia visto. Em baixo do saco gestacional tinha uma formação não identificada:

Não dá pra ver muito bem, mas o fato é que refiz esse exame em outro lugar e também não souberam me dizer o que estava acontecendo, só soube que estava de 5 semanas, e pude então ouvir o coraçãozinho do meu bebê. Foi uma emoção muito grande. 117bpm.
Tive que esperar 15 dias e refazer o exame novamente, minha prima Luiara foi cmg e pra nossa surpresa, havia desaparecido aquela formação, foi uma alegria muito grande, depois de 15 dias de angústia... Lembro que nem conseguia dizer que estava realmente grávida, sabe... não sentia isso. Dizia que não conseguia me imaginar com aquele bebê, sentia como se não fosse meu. Mal eu sabia o que estava por vir....

Já com 7 semanas e 6 dias, o embrião perfeito, do jeitinho que tinha que estar.
O tempo foi passando e a barriguinha começando crescer. Juntamente com isso uma dor terrível no nervo ciático. Eu mal conseguia trabalhar.
Com 12 semanas, meus pais vieram prá cá, me ver e ir comigo na médica. Eles estavam radiantes com a possibilidade de ver o bebê. Meu pai já jurava que era uma menininha, eu tinha as minhas dúvidas, ou medo de expressar uma preferência que eu NÃO tinha.

Nesse dia, a médica nos disse que parecia uma menininha, mas não deu certeza, ainda era muito cedo, mas comecei sentir isso também. Nós já havíamos decidido os nomes, se fosse menino Davi Lucas e se fosse menina Gabriela. Eu já começava me referir ao bebê como " ELA". E todo mundo achava graça disso, já que só tinha meninos na minha família e essa seria a suposta 1° menina.
Com 16 semanas, o Lucas foi comigo pela 1° vez fazer ultrassom, pudemos ver nosso bebê com a mãozinha na cabeça, já fazendo pose pra foto, mais uma vez a chance de ser menina, mas ainda sem a tão sonhada certeza. Ela fazia charme e fechava as perninhas... garota educada... rsrsrs

Tudo corria muito bem, exceto aquelas dores que aumentavam constantemente. Já não trabalhava mais, havia conseguido me afastar, eu tinha todo tempo do mundo pra ficar imaginando, sonhando... e eu fiz muito isso. Imaginei mais de mil vezes a hora do parto, a hora do banho e principalmente a 1° vez que meu pai pegasse ela no colo...
Com 22 semanas, a tia Silvia foi comigo fazer a ultra, quase, quase certeza de uma menininha, mas as perninhas ainda fechadas... ahhhhh eu tava muito curiosa.
Marcamos o morfológico e a Thiala foi comigo. Agora sim, a minha Gabriela estava a caminho. Meu Deus, foi até aquele dia a maior emoção da minha vida... quando o médico me disse: Isso aqui é um lábio, isso é outro lábio e isso é um rachadinho no meio eu surtei.... Comecei ver o mundo cor de rosa... Sabe aquela coisa de mundo mais azul?? O meu era rosa e lilás... rsrsrs
Assim que saí da sala de exame liguei pro meu pai. Eu ainda choro ao lembrar... ele riu, chorou, abençoou, agradeceu, pulou e quase me matou de tanta alegria. Eu estava muito orgulhosa, podia enfim dar a neta que meu pai sempre sonhou, todo o sonho dele  não seria frustrado... Não que ele não quisesse um menino, mas sei lá porque, a certeza dele era tão grande que era uma menina, que tinha medo de vir um menininho e ele se decepcionar. Mas não havia mais esse risco, a nossa princesa, a nossa Gabi já estava dando muita alegria, e sendo paparicada por todo mundo já que era a 1° menininha. Meu vô me deu tanto presente aquele dia... a Gabriela estava adorando tudo aquilo.
Nessa fase comecei sentir os primeiros movimentos dela, era uma emoção tão grande cada vez que ela chutava, chegava doer um pouquinho quando ela empelotava toda de um lado só, mas não via a hora dela fazer de novo.
Foi tudo ficando mais intenso, comecei correr com os preparativos, afinal já estava de 23 semanas e ainda não tinha nenhuma peça de roupa, nada...
A reforma aqui em casa devagar, quase parando... mas continuava, a gente ainda tinha bastante tempo, e no quartinho dela, só precisava pintar, então eu estava deixando por último.